sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Sensación


Sim.. Talvez por não saber o que foi..
Será a vertigem que senti ao ser girada na dança
...ou era essa sensação de frio na barriga pela proximidade?
A troca de olhares, que vacilava de diretos, lá no fundo das pupilas,
para envergonhados, só de canto, aquele tipo com a franja na frente...
ou ainda melhor, quando eles não se trocavam, pois as bochechas já se tocavam.
Talvez fosse isso uma mistura de tudo, expectativas, desejos e dúvidas,
que no roçar de um nariz se diluiram na música, que alta fazia o chão vibrar,
...ou eram meus pés que deixaram de senti-lo?

{texto e desenho por July Tilie}

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Plane jar


Planos, pra que fazê-los?
Traçar metas, sim é bom,
mas viver por elas, é besteira...
aprender a lidar com frustrações,
pra isso que eles devem servir... e como venho aprendendo!
desde quando não sou mais maestra da minha vida?
planejo, tento calcular ao máximo,
mas parece que o vento teima em mudar minha rota,
ainda bem, parece que o cosmos tem mais experiência que eu!
fico frustrada por não ser o que estava esperando e preparando-me psicologicamente
mas vejo um pouco mais a frente na estrada que tudo está muito melhor
do que teria sido pelo meu cálculo visto de pequenas distâncias...
Tudo está sempre no lugar e hora certos!
...um dia confiarei plenamente nisso.

{texto e desenho por July Tilie}

domingo, 7 de dezembro de 2008

Ser-vivo


Sei que louca posso ser
Por querer esclarecer
Sendo sempre vivo um ser
Respeitar é crucial
perceber quão rara a vida é
E vivê-la, é natural!

Um mundo significamos,
Para aqueles que verdadeiramente amamos

Seja vivo!

SINTA!

{texto e desenho by July Tilie- esboços da unesp}

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Letrista

Sinto que estou querendo carregar o mundo em minhas costas,
e ao mesmo tempo quero abraça-lo, por inteiro,
mesmo sabendo que isso é anatomicamente impossivel...
não só anatomicamente... mas por todo esse conjunto complexo que sou...
cansa.. muito! querer ser tudo o tempo todo...
Me sinto tão atarefada que me envolvo demais,
e quando paro pra pensar, percebo que fico mais atarefada pensando que estou atarefada,
do que realmente fazendo as tarefas que me convêm..
deixo assim de fazer coisas por saber da minha obrigação,
e não faço o que deveria... de tudo que podia fazer,
escolho nada! quando o tudo tá ali na minha frente... esperando pra eu assisti-lo!
Tudo por pensar demais... estatizar e racionalizar...
cansei, não sou mais fria e calculista,
de hoje em diante serei somente quente e letrista!

{Texto e Desenho de July Tilie}

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Engravatados


Andando pelas ruas, pessoas com o cenho franzido, gritando e esbravejando com um pedaçode plástico e metal grudado no ouvido, como se aquilo fosse realmente uma pessoa... pessoas com a cara branca como o papel, sem viço e tenacidade, vestidas como... fantoches! É isso, aquele padrão de roupas, camisa tal, saia até tal lugar, cabelo lambido ou em coque...todos fantasiados.. saem de casa já com a máscara..quando será que as pôe? depois do banho? As vezes o próprio conjuge não conhece a face verdadeira, só aquela cheia de maquiagem, que com tanto pó esconde o sorriso que um dia morou entre as maças daquele rosto... E que doce contradição, senão a que as pessoas só tiram as mascaras quando põe outras... vestidos de palhaços nos sentimos bem, para finalmente sermos quem somos lá dentro, escondidos nesse monte de mascaras, que tiramos pra por o nariz vermelho em lugar, esse sim nos deixa sorrir sem medo.

{texto e desenho por July Tilie}

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Abstração

Quantos dias são só meus? Quantas vidas posso ter?
Quero todas que puder, tenho tanto a conhecer...

Tantas artes para ouvir, músicas para beber
Tantas receitas para conversar, tantas pessoas pra experimentar...
Tanto tudo de todos, tudo quanto imaginar,

Tanta beleza que encontro, aqui, ali, em qualquer lugar.
Belezas leves, podres ou feias, belezas que são belas
pela diversidade de existirem, se contrastarem...

o abstrato se torna concreto, bem na frente do meu nariz
e o concreto se desfaz em pó, voa feito chafariz
Tudo pulsa ao meu redor...que bom! Só assim fico feliz!


{Texto e Desenho por July Tilie}

Cuco

Nasci passado a limpo
em uma folha brilhante,
mais o cuco me rubricou.
Cores claras não me fazem constante.

Roupas longas e calendário curto,
compaixão extensa não se emoldura nesta estante
magos, demônios, sacis, farsantes e amantes variantes.
Eu me encontro em qual quadrante?

Morri de novo nesse instante,
feliz aniversário.
Atordoante, a Morte já estava escrita
antes mesmo que os romances.

[Texto de Victor Gouveia]

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

As luzes da cidade


Rostos cansados, corpos cansados...
desde quando existe cinza
na aquarela desse céu sem estrelas?
não culparei a cidade, só enxergo o que sou,
o externo se transforma no prisma do que em mim se cria...
Sim, é isso! a realidade é nossa responsabilidade,
estando aqui ou na China, não consigo fugir de mim mesma...
por mais que o queira... mas não o quero..
Quero, ao contrario, poder entrar em mim, limpar tudo,
assim consigo ver, a aquarela voltando a se colorir,
e tudo voltar a brilhar, como as estrelas, que hoje estão incessantes, a piscar.

{Texto e Desenho por July Tilie}

sábado, 15 de novembro de 2008

¨I have got a feeling..¨


Sentimentos... em muitos jeitos podemos manipulá-los no nosso dia-a-dia... podemos senti-los, expressá-los, esconde-los, dá-los à alguém querido.. até mesmo podemos guardá-los eternamente... ou até, um dia ficamos fartos deles, e temos a opcao, ou pelo menos achamos, de simplesmente nos livrar deles...
Todas essas são maneiras plausíveis de se lidar com sentimentos, mas percebo que pensa-los é a pior maneira que podemos inseri-los em nossa vida.. não funciona! Como alguém pode querer quantificar, qualificar ou estatizá-los?! Insanidade... Pensamento e sentimento não vão junto...é como leite e manga, ou o sol e a lua, nunca se encontrarão... É como Romeu e Julieta, nós tentamos junta-lo em nossa cabeca, mas eles sobreviveriam por mais tempo se tivessem ficado separados....

É tudo tão simple... e ao mesmo tempo nunca experimentei algo tão complexo...


{Texto e Desenho por July Tilie}

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Trip

Tão perto.. tanto a falar...
Mas minha boca estremece, assim como minhas pernas...
E eu achava que um dia seria tão forte...! Agora aprendi a o ser,
ou pelo menos aprendi a arte de fingir bem; pra mim mesma...
A vontade que brota no peito todo dia, de brotar asas e voar...
voar pra loonge, lá fora distante... com esperanças de um dia conseguir chegar
naquele lugar longínquo, tão belo e tão sonhado, que todos vem a almejar,
aquele lugar aqui dentro, tão dificil de encontrar...
Com esse mundo já me deparei, gostei, nem quis mais voltar,
Mas disseram que era muito nova, não era tempo de me desapegar...
Assim voltei, mas guardo bem o que vi lá,
Só via teu rosto nítido, tão agradável de se olhar...
Olha só... e eu achei que nunca o conseguiria falar!

{Texto e Desenho por July Tilie}

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Meu infinito particular...


Hoje não quero fazer bonito,
pôr as frases com sentido, e rimar uma canção.
Não vou fazer promessa, to com pressa...
Não sou eu que to pedindo, quem pediu é o coração...
Pediu não, mandou! Com o perdão da cena, vomitou
Esse turbilhão de sentimento, que não tem nexo algum,
e ao mesmo tempo faz tudo ter sentido, pela primeira vez, talvez.
Sou eu mais você, soma com ele fica três,
será que sou só eu, ou o problema é com vocês?
Talvez seja mentira uma farsa que eu fiz,
talvez viver de sonhos é só o que me faz feliz...
Cansei de teoria, hipóteses e hipocrisia,
cansei de mim, do mundo dos outros, até de você
Você que finge de besta, que finge que não quer mais me ver,
Você que lá no fundo sabe que escrevo só pra tú ler,
Já disse, não sei se quero, e se quero não sei porque,
Só sei que nessa vida só tem um jeito de eu saber,
O jeito é simples, tão simples que dá medo até de explicar,
O jeito é dançar na rua, torcer pra chuva nunca parar.

{Texto e Desenho por July Tilie}

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Permita-se

Permita-se sempre... Permita-se as coisas boas da vida, as boas sensações, assim como deve ser permitido sentir as coisas ruins.
Permita-se chorar, se acabar ou descabelar... mas permita-se voltar ao centro, da mesma maneira.

Permita-se o abraço, permita-se o silêncio, o sentir a dor, e também o se dissociar da mesma.

Seja, viva... deixe viver!

Aceite, tudo é perene... todos somos, nossas relações só são nossos reflexos, então porque haviam elas de ser diferente?

Permita-se seguir em frente, ou até, permita-se SER, tão simples e puramente...

Não há tempo que volte, amor... Vamos viver tudo que há pra viver, vamos nos permitir!


{Texto e Desenho por July Tilie}

Contagiar


Acordei cheia de pintinhas vermelhas na pele... meu Deus, o que seriam elas?! Catapora, rubéola, sarampo?? Na verdade, não sei se puseram nomes bem feios nessas doenças, ou se me dá essa sensação estranha de falar esse nomes porque associo na minha mente com as coisas que essas palavras representam... enfiim, passei o resto do dia perguntando a todos qual a opinião, comecei a me desesperar, e até fui no pronto socorro, que tinha uma pequena espera de 2 horas.. sim, no PRONTO socorro, que beleza de sistema de saúde pública.. comecei a me desesperar e expliquei pra recepcionista:" Moça, eu só preciso saber se é contagioso, só isso!", então mandou-me passar no técnico de enfermagem, que, por sorte, não era autorizado a dar diagnóstico..."mas moço... EU PRECISO SABER SE É CONTAGIOSO!".. enfim, no fim das contas fui descobrir que eram só picadas de mosquito..mas fiquei com aquela pergunta que fiz o dia todo na cabeça "É contagioso?!". No dia seguinte como de costume, entrei no onibus e comecei a destribuir os "bons dias", "muito grata" e os sorrisos...e reparei que as pessoas ao redor eram tocadas com isso, e respondiam da mesmo forma..aos poucos fui me sentindo contagiosa, e gostei! Porque contagioso era sempre associado com algo ruim na minha cabeça? EU quero ser contagiosa! Na verdade somos todos contagiosos, só nos resta escolher com que tipo de vírus, sentimento ou ação queremos contagiar alguém, acho que já escolhi os meus.

{Texto e Desenho por July Tilie}

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

"É Como tocar um mesmo violão...

...e nele compor uma nova canção"... Essa música me tocou quando a ouvi, talvez por perceber que eu não era a única que não sabia direito como voltar a gostar de alguem, depois de sentir a dor do não dar certo.
Sempre discuti muito com meu pai a questão do arrumar a cama...'Pra que? Se em breve dormirei de novo nela e vai bagunçar tudo outra vez?!'. Parte de mim travava sempre essa discussão pois, serei honesta, bem lá no fundo sempre me diverti com o esforço do meu pai pra mudar minha idéia... mas não entendia realmente o porque...e na minha cabeça comecei a traçar um paralelo com meus amores, depois da 1a desilusão: 'Pra que'- indagava eu pra mim mesma-'vou eu gostar de alguém de novo, se no fim vai doer tudo igual... mais choro, mais mágoa, mais uma parte de mim que vai ficar pelo caminho... Não".. não faz sentido!'. Aos poucos quis guardar no armário as asas de borboleta pra ir criando um casco de tartaruga...pra quê?! Porque?!... Fui me distânciando do sentir.. era bom, seguro... mas era tão, como chama aquilo mesmo... vazio?
Ao mesmo tempo saí de casa... e bum, ninguem me pedia para arrumar a cama, mas eu queria arrumar a cama... esse vazio juntou com a vontade de arrumar a cama, e assim a analogia continuou caminhando junto...
Sim, a cama vai bagunçar, e sim, eventualmente cada um vai pra um lado, talvez me desiluda... Mas a sensação de chegar em casa depois de trabalhar, e entrar naquela cama esticadinha, vale a pena o "trabalho" de arruma-la...
O mesmo digo do sentir. A vida é uma experiência, quanto mais nos abrirmos para bons sentimentos, e mais aptos estivermos pra sorrir e pra brilhar, melhor. Vale a pena sentir o aperto depois, só por se deixar sentir essa coisa gostosa que é o gostar...

Afinal, o sábio poeta já dizia há tempos.. "Tudo vale a pena, se a alma não é pequena!"

{Texto e Desenho por July Tilie}

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Porcua?




O que mais gosto nas crianças são provavelmente suas perguntas... Porque desse gosto? Pois são perguntas dignas de serem respondida por deuses, e é assim que a criança te considera ao perguntar coisas como "Porque o céu é azul?" ou "Porque ele tá chorando?".
Me lembro também de quando eu era criança, e das perguntas que formulava aos meus pais, com a absoluta convicção de que nenhum conhecimento era intangível para eles...afinal, além de
adultos eles eram pais!..."e não há nada que essa categoria de ser-humano não soubesse", pensava eu.
Me recordo também da sensação exata de descobrir, após crescer, que eles NÃO tem a resposta pra tudo... foi a maior decepção da minha vida...

...e o maior
alívio também!

{Texto e Desenho por July Tilie}

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Pra sempre



Me sinto como se tivesse acabado de descobrir o mistério disso tudo... não de tudo que dá certo, mas pra tudo que dá errado. O causador disso tudo, dessa confusão na vida das pessoas é o tal conceito de “pra sempre”! Sim, aquele bonito, no fim dos contos de fada, ou aquele que é o primo preferido das promessas, que gritam desesperadas para serem aceitas... aquele mesmo pra sempre que enfeitou esses momentos da nossa vida, é aquele que inferniza nossos pensamentos inconscientemente.. exemplos?
-ahhh, mas como posso escolher uma profissão pra sempre?!
-casar agora?! Mas já?!!! ainda não tenho certeza que ele é o melhor cara pra eu ficar pra sempre.
Enfim, pra sempre nos dá a noção, a faaalsa noção, de que certas coisas são definitivas... Pois bem, porque digo faaalsa noção? Você realmente acredita que algo nessa vida é definitiva? Me fale uma então. Ou melhor, pergunte pra alguém que viveu 100 anos qual foi a coisa definitiva na vida dele; pergunte se teve alguma posição ou situação definitiva em sua história, e ai verá que isso é impossível. Cada momento é um recomeço, é a construção de uma nova realidade. Nunca ninguém teve uma profissão pra sempre, uma desilusão pra sempre, um abraço pra sempre. Somos mutaveis, muito mutáveis... o universo também. Essa idéia de pra sempre foi usada para os adolescentes como os bichos-papões para as crianças: simplesmente para criar barreiras e cortar as asas das decisões desses indivíduos; artifício esses usados pelos adultos, que acreditam ser os únicos que detém a capacidade de decidir de maneira correta, sem perceber que o pra sempre deles de um par de anos atrás não deixou nem vestígios no agora real.

{Texto e Desenho por July Tilie}

04/09/2008

sábado, 11 de outubro de 2008

Rotular?


Sinto-te inteiro
plena, natural e confortavelmente
Nao sinto medo nem receio
Nao questiono...
Aceito o que ha de vir
Nao me figuro contigo no futuro,
Nao quantifico, estatizo... sinto!
Sinto o pulso, o calor
Sinto o desejo de ficar mais um instante,
Vontade de ser o tudo, e ser o nada
Vontades que vem e vao, nos levando na madrugada
Sorrisos inebriantes, intermitentes..
Olhos puros, sinceros... fechados
Tua beleza se amplifica a cada segundo
Como que em sincronia com meus desejos
Então com a mesma intensidade dos eventos,
uma pergunta se choca contra mim...
"isso que é amor pra voce?"
..a resposta é quase instantânea...
"Não... logico que não... isso pra mim eh viver!"

{Texto e Desenho por July Tilie}

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

chasing your tail

Circular sem parar...

Chegando assim sempre no mesmo lugar


Falar sem pensar...

Atingindo algo que não se deveria tocar


Agir sem escutar...

Se deparando com um resultado que não pode mudar


Ter asas sem voar...

Desperdiçando potencial por medo de ousar


Viver sem se libertar...

Se prendendo em si mesmo,


sem nem ao mesmo reparar


{Texto e Desenho por July Tilie}


mar/2007

Creaturas


Ser o que? Ou melhor...

Ser pra quê?

Pra que pensa em ser, quando pensando

já sendo estou, sem querer?


Se complica afim de clarear

o que claro era,

antes mesmo de se examinar


Que mundo doido que vivemos,

onde precisamos nos criar constantemente,

apesar de criatura

sermos inicialmente


Penso, logo desisto

Desisto de quantificar isso tudo

Ao invés quero mudar

Deixar de lado todos os rótulos,


e ser livre pra sonhar..


e sonhar.

{Texto e Desenho por July Tilie}

fev/2007