terça-feira, 21 de setembro de 2010

maTriz

quando tudo se torna nada,
e quando nada é muito pouco
pretextos viram motivos
e já não há motivo forte o bastante
pra deixar pra depois

como um e um são três
fico onde me pus,
no lugar onde tudo se desfez...
a procura de alguma luz
a espera de algum talvez

A graça e melancolia se misturam
no fundo o tum tum tum ainda bate feliz
sabendo que o universo conspira a meu favor
mesmo que as vezes a felicidade seja por um triz




domingo, 5 de setembro de 2010

O que fica


Hoje andando no calçadão de Ipanema, sentindo a brisa e o barulhinho bom de mar, percebendo a calmaria misturada em sincronia com os passos de todos os ritmos, respirações ofegantes, papos cantantes e olhares distantes, observei uma cena deveras interessante.
Do lado oposto da rua vi um garoto, no máximo uns 6 anos, talvez menos... estava sendo 'escoltado' por pai, mãe e babá, em um momente de alegria contagiante. O menino se encontrava em cima do skate, mas quem o levava era seu filhote de pit bull, amarrado na coleira e correndo o máximo que podia. Quando um sorriso começava a brotar no meu rosto com a cena, percebi na fração de segundos o desastre... o cachorro continuou correndo, e o rapazinho segurando, porém o skate resolveu parar. Resultado, o pobre foi beijar o chão, estatelando-se. Por sorte a queda foi pequena em função de sua estatura, mas ainda assim não é agradável pra ninguém rolar em um chão de concreto em alta velocidade.
Bom, resumo da ópera, o protagonista da história abriu o maior berreiro, que deu pra se ouvir até em Copacabana. Ele ganhou uns bons ralados, mas eu, mera espectadora, ganhei uma reflexão com a cena toda. Na verdade relacionei-a com algo similar que aconteceu com meu priminho de 3 anos... fomos ao sítio e ele adorou brincar de escorregar o morro em um pedaço de papelão. Passou a tarde entretido com a brincadeira, até que, fatalmente, levou um rola. E chorou, chorou, chorou. Poxa, pensei nas duas situaçãoes... você se divertiu tanto em uma nova experiência, foi ao auge da alegria com a conquista, mas no fim quando algo deu errado ficou tão triste? Será que o que você recebeu de positivo com isso não é maior que a dor?
Porque no fim das contas o que fica marcado é o negativo? Passamos a vida semeando relações, nos esforçando, abrindo mão de muitas coisas e passando por cima de algumas coisas para achar um meio termo, mas se algo que fazemos desagrada a pessoa, a mágoa fica, gritando bem mais forte que a gratidão por as outras mil coisas antes feitas...
Será que existe algum jeito de tornar as lembranças e sensações positivas mais presentes em nós do que as negativas? Será que esse tipo de reação às situações negativas é instintiva ou criamos essa mania ao longo do tempo?
Que seja eterno enquanto dure, e que quando acabar que a memória eterna seja a agradável, não a dolorosa.

[Por July Tilie]

La belle vert

Quero se livre para andar contra o vento, sem destino
ser livre pra mudar quando quiser de opinião,
e ter a liberdade de dizer sim, e de dizer não

Quero ter a liberdade de poder conter o mundo em mim
assim como de fugir dele quando for preciso.
me libertar tanto pro choro quanto pro riso

Ser livre não no sentido de fazer tudo o que desejo na hora que quiser
pois ai minhas vontades seriam livres enfim,
e eu, escrava delas, fugindo na verdade de mim

Liberdade me é conceito estranho
fácil de entender e difícil de explicar
objeto constante que vivo a procurar

Liberdade de sorrir e gargalhar
de amar e me deixar levar
viver por inteiro e deixar pra lá essa história de julgar.

[Por July Tilie]