segunda-feira, 4 de maio de 2009

INdescrição


O espaço vazio, aquela cadeira que sempre ficava vazia... hoje está ocupada, por uma face nova, nunca vista antes...
Deve estar repondo aula, talvez visitando um amigo... não isso não, tem a postura de quem está sozinho... algo diferente no olhar, no agir...
Quase não se faz notar, não fossem os olhos verdes, ou seriam azuis, que são destacados e emoldurados pela pele morena- será que passa os dias embaixo do sol? - e o cabelo negro completa a figura.
Sinto vontade de falar com ele, meu habitual questionário - 'quem és, que fazes, que sonhos tens..? eapós quebrar o gelo a tal fatídica questão: com tudo isso, és feliz?... se a resposta não for afirmativa, questionário encerrado... Enfim, tenho vontade de saber quem é, mas guardo esse desejo pra mim. Observo, de longe... não tão longe na verdade, na fileira de tras, do meu camarote onde observo o mascar do chiclete, e os músculos que sobressaem da face ao fazê-lo, assim como aqueles do antebraço que dançam pra cima e pra baixo quando ele escreve... No exato momento que estou descrevendo-o ele se vira, olha pra mim, agora entendo Machado de Assis e seus olhos de ressaca, olhos nos olhos, parece desvendar minha ação... me sinto nua, sinto calor e frustrada, não gosto de ser descoberta.. será que ruborizei? Ser descoberta me aflige, cala!
Calada termino assim minha descrição nada discreta.

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